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RECANTO DA PROSA

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A extinção das abelhas



O que dizer de #aextinçãodasabelhas? Difícil. A própria autora, @nataliaborgespolesso, se reconhece um pouco perdida ao afirmar que escreveu "um livro sobre uma mulher, não, um bando de mulheres, um bando de gente no fim do mundo, não, um livro sobre o colapso, uma mãe e uma filha, amizade, o agora [...] e que justamente por isso não pode dar uma resposta curta".


Daí que eu te pergunto: quem sou eu para reduzir a narrativa a 2200 caracteres? Ao invés disso, acrescento mais alguns tópicos. Esse é também um livro sobre homofobia, o descaso do governo, uma profunda desilusão com a humanidade, saúde mental, alienação, sexo, culpa, maternidade, desigualdade social, violência de gênero e, é claro, a extinção das abelhas – com tudo o que isso acarreta para o meio ambiente e a produção de alimentos.


Entende por que não dá pra reduzir? O livro é vertiginoso. E é colado na realidade, com menções explícitas às notícias dos últimos anos – incluindo eleições, a negação da ciência e a pandemia da covid-19. Como bem disse a autora: um livro sobre o agora.


Ao contrário de outras distopias que já li, "A extinção das abelhas" não cria cenários hipotéticos que parecem distantes – o que torna tudo mais assustador. A impressão é de que a maior parte do desastre mundial medido pelo "colapsômetro" pode acontecer muito em breve. Uma década, talvez.


Deixo, portanto, o aviso: este não é um livro para se ler de forma descontraída. Pelo contrário, a narrativa esfrega a realidade bem na nossa cara; e, como todas as distopias, serve de alerta vermelho.


Puxa, então por que ler algo tão doloroso? Simples. É que mesmo sendo bastante desconfortável, o livro nos faz assumir nossas responsabilidades pelas mazelas sociais, ao invés de ficar jogando a culpa no outro – esse outro demonizado, irrecuperável, com quem o diálogo parece impossível.


Se eu indico a leitura? Só você pode decidir. O panorama está posto e cada um que sabe do que consegue aguentar neste momento. Não julgo. Comigo, mexeu muito. E acho que esse é um dos maiores resultados alcançados pela leitura literária: incomodar.


Agradecimentos à @companhiadasletras pelo envio.

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